terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O Preso (para o Felipe)

Estava lá o preso a minha espera,
Eu o visitava.
O tempo se desfez,
E em uma hora nós recuperamos o ano...
Palavras, palavras, para disfarçar,
É que o preso não podia dar tempo às lágrimas
(Mas sabe como água é, escapa.)
Chovia e a gente nem ligava,
Ele me abraçava,
E entre um abraço e outro,
Gargalhadas...
É que as piadas há muito estavam guardadas,
Já era tempo de soltá-las.
O preso, quando não pensava,
Era uma felicidade só.
Que dó que dava,
Mas a gente nem pensava.
O nó na garganta a gente ignorava,
E assim o tempo passava...
Houve algum silêncio, eu acho,
Houve poesia, reza, cantoria
Houve instrução, conselho, troca...
E antes que o ano acabasse,
Mais algumas velozes anedotas.
Aquela hora foi o nosso ano mais intenso,
Pedimos até para que o relógio parasse,
Mas não houve jeito da sineta não tocar...
“Guenta, preso, mais um pouco,
Tudo isso vai passar!”
E a sineta tocava, tocava...
E a gente nem ligava...
Ainda bem que chovia,
Pois sabe como água é, escapa.